Aprender... Ensinar... a troca faz parte do aprendizado

Dar e tomar benção um sim mples gesto que engrandece a alma,ato de humildade 
M
aku = Mãos

Iu = pronome este,esta




*Makuiu
  Makuiu uá Nzambi tem o significado e sentido de " Estas mãos te abençoam por Deus,em rnome de Deuss"

*Kozodiô
Resposta: Nzambi Ntala

*Kibenzelú
resposta Nzambi Akubesualêm
(Para filho de Nzazi)
*Ionosi
Resposta: Kus



andala ku Samburika


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“Ensina seus filhos a respeitar a Terra onde pisam, pois ela está plena das cinzas de nossos Ancestrais”. 
Com estas palavras, meu pai, resumia o culto à ancestralidade de nossa Nação. Nas terras do Kakongo , muito antes da chegada dos europeus, já existia o culto, a adoração e a manifestação dos Ancestrais. Responsáveis pela guarda, tanto das pessoas quanto de toda a aldeia. Quando relegados a segundo plano, tratados com desleixo ou negligenciados, podem atingir de forma danosa as estruturas social, econômica e da saúde dos indivíduos ou de toda a coletividade. Ao contrário, quando zelados com o devido respeito, considerados com carinho e amor, servem de conselheiros, mestres, condutores e guardiões das aldeias.
Ao chegarem no Brasil, os bantu encontraram os indígenas, que cultuam também os Ancestrais com, levando em conta as diferenças culturais, a mesma religiosidade. Enquanto os brasileiros elevavam, entalhando e enfeitando, troncos de árvores aos seus antepassados, os bantu erigiam totens de madeira identificando-os com aqueles que partiam para o mundo espiritual, fazendo ambos, oferendas, festas e alimentos aos mortos.
O respeito à ancestralidade que traziam em sua bagagem filosófica era tão grande que os bantu incluíram no seu panteão de ancestralidade os Ancestrais Míticos, da terra, os índios que foram designados de Caboclos surgindo, então, o Candomblé de Caboclo ou a Angola de Caboclo.
“Esta homenagem que estou prestando, é ao Preto-Velho, ao negro bantu. Eles vieram de um país distante, trazer maculelê, capoeira e Santo”.
Nossos Ancestrais já acreditavam, também, na reencarnação e usavam o simbolismo da cruz séculos antes da chegada do europeu à África. Nos pontos principais do Sol, em sua trajetória no céu, Eles viam uma ligação com o movimento das almas na Terra. O oriente ligado ao nascimento do ser, o meio-dia à maturidade, o ocaso do Sol à morte e, à meia-noite, o momento no qual a alma já se encontrava nos “ Jardins de Ntambe ”, embalada por Mametu Zumbarandá . 
Caboclo das Sete Encruzilhadas , em novembro de 1908, através de seu aparelho Zélio Fernandino de Moraes trouxe e apresentou à sociedade brasileira um culto aos Ancestrais que deu a denominação de Umbanda . A palavra mbanda(umbanda), em kimbundu, significa cura, medicina ou ainda, como banda significa alto, podemos traduzir como “vindos do alto”, seres elevados. Onde se manifestavam Ancestrais ex-escravos (Preto-Velho) e Caboclos. Usando os mesmos princípios da ritualística do Kakongo , o som (cantigas, tambores e palmas), e a dança levando à manifestação do Ancestral; os mesmos elementos mágicos, como o ponto riscado e as cores e, finalmente, os mesmos objetos como a pemba, as ervas, pedras e contas, tornou a miscigenação com a Umbanda um passo normal para aqueles que, cultuando os Ancestrais sem as condições de locais próprios, queriam tornar maior o contato com a ancestralidade, simplificando o acesso aos Bakulo.
Uohoko Akuloetu! Uohoko!
Salve nossos Ancestrais! Salve!
•  Akulo em kimbundu significa ancestral e Bakulo (plural) ancestrais.
Para nossa nação Kakongo (que significa Congo menor), osBakulo são os responsáveis pela transmissão, através das gerações, do conhecimento e tradições de nossa religião. Em todos os Kilombo (cidade/aldeia) os anciões são os conselheiros e os que tomam as decisões juntamente com o Rei ou chefe da aldeia, pois eles possuem a experiência de vida que, só aqueles que já viveram muito tempo, podem ter. A nossa Inzo uá Nzambi é dirigida pelos nossos Ancestrais. Somente na pseudocivilização ocidental os velhos são considerados inúteis, pois, sem resistência física e com a saúde já cansada, não podem agir como os jovens; se esquecendo que os problemas que a juventude enfrenta e enfrentará, os mais velhos já os ultrapassaram.
Em nossa Casa cultuamos os Bakulo de quatro formas:
•  Nossos Ancestrais bantu : que cultuamos como nossos queridos Pretos Velhos , que saudamos com: É ouro minha almas!; Adorei as Almas!; É p'rás Almas!. Embora tenhamos a honra de receber a presença de Ancestrais de outras procedências.
•  Nossos Ancestrais míticos: nossos queridos Caboclos , (que saudamos com Okê Caboclo!), os Boiadeiros (que saudamos com Xetruê Boiadeiro!) e as Caboclas (que saudamos com Okê bambi okli, Caboclas!).
•  Os nossos Ancestrais familiares (Yombe) que partiram da vida material, mas permanecem conosco em energia nos enriquecendo com amor, proteção e carinho.
•  Kindende : As crianças espirituais.
Nos dias 13 de maio (Lei Áurea – Libertação dos escravos) comemoramos os Pretos Velhos ; no dia 02 de julho cultuamos nossos Caboclos Caboclas Boiadeiros e em 02 de novembro (finados) saudamos nossos ancestrais familiares (Yombe) e no dia 27 de setembro as crianças.



Banzo é uma palavra africana de origem BANTU usada para referir-se a intensa saudade e ao sentimento mórbido que o negros escravizados sentiam de sua mátria afr
icana.
O banzo é definido como o processo psicológico causado pela remoção da cultura que colocou os negros na condição de escravos transportados para terras distantes, em um estado inicial de excitação seguido por impulsos de raiva e destruição e em seguida, uma profunda nostalgia que induzia a apatia, falta de fome, muitas vezes a loucura até a morte. Banzo acontece quando se é arrancado de sua cultura, consequência da desconexão da religião, crenças, sistema de castas, os costumes, a família e os amigos, sem esperança de jamais voltar a eles. Como resultado, a pessoa acometida pelo banzo quer morrer, torna-se louco ou se transforma em uma pessoa "endurecida", cujo autocontrole emocional é completamente interrompido.

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Banzo: a melancolia negra

A depressão e o suicídio dos negros africanos eram fatos corriqueiros

"Apareceu ontem enforcado com um baraço [corda de fios de linho], dentro de um alçapão, na casa da rua da Alfândega, nº 376, sobrado, o preto Dionysio, escravo de D. Olimpya Theodora de Souza, moradora na mesma casa. O infeliz preto, querendo sem dúvida apressar a morte, fizera com uma thesoura pequenos ferimentos no braço ...” Essa nota, publicada no Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro, em 22 de junho de 1872, revela uma faceta pouco conhecida da escravidão: os escravos se suicidavam. E como. O índice de “mortes voluntárias” entre eles, quando comparado ao de homens livres, era duas ou três vezes mais elevado. Os suicídios de escravos também se diferenciavam noutros aspectos. O mais notável deles era o fato de atribuir-se o gesto ao banzo.
Ainda hoje se discute o significado dessa palavra. O mais aceito tem uma remota origem africana, equivalendo a “pensar” ou “meditar”. O termo também, há tempos, designou uma doença. Em 1799, por exemplo, Luiz António de Oliveira Mendes apresentou, na Academia Real de Ciências de Lisboa, um estudo sobre “as doenças agudas e crônicas que mais freqüentemente acometem os pretos recém-tirados da África”. O banzo constava entre elas. Os sintomas? Os escravos ficavam entristecidos, paravam de falar e, acima de tudo, deixavam de se alimentar, mesmo “oferecendo-se-lhes” – afirma o médico – “as melhores comidas, assim do nosso trato e costume, como as do seu país...”, falecendo pouco tempo depois.
No século 19, com o desenvolvimento das primeiras teorias psicológicas, o comportamento dos escravos banzeiros foi reconhecido como distúrbio mental. Em 1844, Joaquim Manoel de Macedo, na tese médica intitulada Considerações Sobre a Nostalgia, afirma o seguinte: “[...] estamos convencidos de que a espantosa mortandade que entre nós se observa nos africanos, principalmente nos recém-chegados, bem como de que o número de suicídios que entre eles se conta, tem seu tanto de dívida a nostalgia [...]”
Aos poucos, a associação entre nostalgia e banzo se tornou popular. No Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, de 1875, de Joaquim de Macedo Soares, é possível ler a seguinte definição: “banzar: estar pensativo sobre qualquer caso; triste sem saber de quê; sofrer do spleen dos ingleses; tristeza e apatia simultânea; sofrer de nostalgia, como os negros da Costa quando vinham para cá, e ainda depois de cá estarem”.
Hoje, a palavra “nostalgia”, difundida na literatura, é sinônimo de “saudade”, um sentimento. Situação bem diferente é pensá-la como doença. Tal rótulo – assim como o de banzo – provavelmente encobria uma vasta gama de problemas psicológicos ou psiquiátricos, que iam da depressão à esquizofrenia; ou eram provocados pela desnutrição, por doenças contagiosas, ou por consumo excessivo de álcool e drogas – como a maconha, apreciada por muitos escravos, que a chamavam de “pango”.
Não faltam exemplos de aproximações entre suicídio e doença mental. O citado Jornal do Commercio registra ocorrências de mortes voluntárias associadas a delírios: “Valentim, escravo de Faria & Miranda, estabelecidos na rua dos Lázaros nº 26, sofria há dias violenta febre, e era tratado pelo Dr. Antonio Rodrigues de Oliveira. Anteontem [20 de maio de 1872], às 9 horas da noite, ao que parece, em um acesso mais forte, Valentim feriu-se com um golpe no pescoço”. Outras vezes se reconhecia explicitamente a loucura: “Suicidou-se ontem [8 de março de 1872] à 1 hora da tarde, enforcando-se, a preta africana Justina, de 50 anos, escrava de Narciso da Silva Galharno. O Sr. 2º Delegado tomou conhecimento do fato e procedeu a corpo delito. Consta que a preta sofria de alienação mental”.
Como todos os testemunhos do passado, os textos acima devem ser lidos com olhos críticos: o registro de suicídio pode encobrir assassinatos praticados por senhores. Tal fato não implica em diminuir o banzo como uma das expressões trágicas da loucura comum a milhões de pessoas vítimas do tráfico de escravos. Por outro lado, a divulgação desse sofrimento nos jornais deve ter contribuído para a formação da sensibilidade abolicionista na sociedade imperial. Por isso, o banzo pode ser entendido como uma forma não intencional de protesto político, um exemplo primário de luta pela não-violência.

Por: Renato Pinto Venâncio
Fonte: Guia do Estudante